“Você não está exagerando”: Como se posicionar na consulta médica durante a perimenopausa
Se você já foi ignorada, silenciada ou tratada como exagerada por um médico, saiba: você merece mais.
3/28/20254 min read


Você já saiu de uma consulta médica se sentindo ignorada, diminuída ou simplesmente não levada a sério?
Já ouviu frases como “isso é normal para a sua idade” ou “isso é coisa da sua cabeça”?
Se sim, você não está sozinha — e isso precisa mudar.
A transição para a menopausa pode ser confusa, cheia de sintomas inesperados e muitas vezes debilitantes. O problema é que, em vez de sermos acolhidas, muitas vezes somos silenciadas — vítimas do chamado gaslighting médico. E isso tem um impacto real e profundo na nossa saúde física e mental.
O que é gaslighting médico?
Gaslighting acontece quando alguém tenta fazer você duvidar da sua própria percepção.
No contexto médico, isso se traduz em frases como:
“Isso é coisa da sua cabeça.”
“É só ansiedade.”
“Se você emagrecesse, seus sintomas sumiriam.”
“Está tudo normal. Não há nada de errado com você.”
“Você precisa confiar em mim, não no que lê por aí.”
“Não há nada que você possa fazer com sua alimentação ou estilo de vida, apenas tome esse remédio.”
Esse tipo de conduta deslegitima sua experiência e atrapalha diagnósticos importantes — especialmente quando se trata da saúde hormonal feminina.
Minha história com o gaslighting médico na perimenopausa
Minha jornada começou em 2012, quando eu tinha 42 anos. Sentia tristeza profunda, crises de ansiedade, taquicardia e pânico — mas não sabia de onde aquilo vinha. Ia parar em emergências achando que ia morrer, e o que eu recebia eram diagnósticos vazios e prescrições de ansiolíticos e antidepressivos.
Ninguém me falou sobre a queda de progesterona, sobre cortisol alto, sobre como o estresse impactava meu sistema hormonal. Nada.
Apenas me medicavam para silenciar meus sintomas.
Mas eu sabia que havia algo além daquilo. Em 2016, fui atrás de cursos e comecei um processo de reconexão com meu corpo. Cuidei do meu estresse, ajustei minha alimentação, criei hábitos de autocuidado, comecei a me movimentar com mais frequência.
Foi aí que minha vida começou a mudar.
Por que os médicos não falam sobre isso?
A raiz do problema está na própria formação médica, que aborda a saúde da mulher de forma rasa e fragmentada — quando aborda. O corpo feminino ainda é visto, em muitos casos, como uma “complicação” no sistema tradicional. A maioria dos profissionais simplesmente não aprendeu a reconhecer os sinais da perimenopausa nem a lidar com a complexidade da transição hormonal que enfrentamos.
E essa falha não é por acaso — ela vem de uma base histórica desigual.
Por décadas, as mulheres foram excluídas ou sub-representadas em estudos clínicos. Em 1977, por exemplo, o FDA (órgão regulador dos EUA) recomendou oficialmente que mulheres em idade fértil fossem deixadas de fora de ensaios clínicos — mesmo quando usavam contraceptivos e não tinham intenção de engravidar.
O resultado disso é uma medicina que, historicamente, não conhece nosso corpo. Durante muito tempo, ele foi tratado como uma variável incômoda — ou pior, como um fator de risco.
O livro Doing Harm, de Maya Dusenbery, escancara essas falhas sistêmicas. Nele, vemos como mulheres são frequentemente desacreditadas, rotuladas de "ansiosas", "dramáticas" ou “hipocondríacas”, mesmo diante de condições sérias como infartos ou doenças autoimunes.
Esse apagamento da experiência feminina na medicina contribui diretamente para o gaslighting médico que tantas mulheres enfrentam hoje.
Seja ouvindo que estão "exagerando", que seus sintomas são "coisa da idade", ou sendo mandadas de volta para casa com uma receita de calmante, o que está acontecendo é real — e estrutural.
O impacto real do gaslighting médico
Os prejuízos são enormes. Além do sofrimento emocional, o gaslighting médico atrapalha diagnósticos, compromete tratamentos e prolonga o sofrimento de forma desnecessária.
Mas a boa notícia é: você pode se preparar para mudar isso.
Você não precisa ser médica para se posicionar com clareza.
Você é a maior especialista em si mesma. E a sua voz importa — muito.
6 formas de se posicionar na consulta médica
Aqui estão estratégias práticas que podem transformar sua experiência de atendimento:
1️⃣ Leve alguém com você
Uma amiga, filha ou parceira pode ser seu apoio emocional e reforçar sua fala, caso o médico tente descredibilizar o que você sente.
2️⃣ Registre seus sintomas
Tenha um diário: o que sente, quando, com que frequência, em que contexto piora ou melhora. Um histórico bem feito dificilmente é ignorado.
3️⃣ Informe-se antes da consulta
Você não precisa ter diploma, mas pode (e deve) chegar munida de informações de fontes confiáveis. Isso ajuda a fazer perguntas e entender as respostas.
4️⃣ Leve suas perguntas anotadas
Muitas de nós travamos na hora H. Ter suas dúvidas por escrito te ajuda a manter o foco e sair mais segura da consulta.
5️⃣ Pratique o autocuidado antes da consulta
Se a consulta te gera ansiedade, prepare-se: respiração, meditação, uma caminhada, algo que te deixe centrada. Isso te ajuda a se comunicar com mais clareza.
6️⃣ Troque de médico, se for necessário
Se você sai da consulta se sentindo desrespeitada, não ouvida ou desacreditada — vá embora e busque outro profissional.
Você não está pedindo favor. Você é a cliente.
Essas e outras estratégias — incluindo um guia prático básico sobre terapia hormonal — estão nos meus programas.
Eles foram criados justamente para que você se sinta mais preparada, segura e informada ao entrar em uma consulta médica.
Não espere por permissão: assuma sua jornada de cura
Eu mesma só comecei a melhorar quando parei de esperar que alguém me salvasse.
Quando entendi que ninguém viria com a resposta pronta, e que era minha responsabilidade cuidar de mim.
No meu insta, compartilho um pouco dessa jornada: como fui ignorada, desacreditada, e como transformei minha saúde de dentro para fora — com conhecimento, prática e coragem. E como, a partir dessa vivência, mudei minha trajetória profissional para hoje poder contribuir na vida de outras mulheres.
A vida é sua — e você pode transformá-la
Se você já foi ignorada, silenciada ou tratada como exagerada por um médico, saiba: você merece mais.
Você pode sim viver uma vida plena e sem sintomas.
Comece hoje. Cuide bem da sua energia, da sua saúde, da sua história.
Com amor,
Dri
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