Você já ouviu falar na Síndrome Musculoesquelética da Menopausa? É hora de conversar sobre isso.

O nome por trás de dores que muitas mulheres sentem — e poucos médicos reconhecem.

4/4/20254 min read

Hoje quero falar com você sobre um tema que ganhou bastante atenção no último ano na área da saúde da mulher, mas que ainda passa despercebido por muitas: a síndrome musculoesquelética da menopausa.

Se você está na faixa dos 40, 50 ou já vive a menopausa, talvez tenha notado algumas dores diferentes no corpo, uma sensação de perda de força, rigidez nas articulações, ou até mesmo uma lesão no ombro ou joelho que surgiu “do nada”. Às vezes, exames não mostram nada de errado, mas você sabe que algo mudou.

Pois é. Isso pode ser a síndrome musculoesquelética da menopausa — um nome relativamente novo, mas que descreve um cenário muito real e comum.

Por que isso acontece?

Estima-se que 70% das mulheres na meia-idade vão experimentar sintomas musculoesqueléticos, e 25% terão sintomas mais graves. E aqui está o detalhe mais importante: 40% dessas mulheres não apresentam alterações visíveis em exames de imagem.

O que está por trás disso tudo? A queda abrupta do estradiol, a forma mais ativa do estrogênio, durante a transição para a menopausa. Esse hormônio influencia praticamente tudo: ossos, músculos, tendões, cartilagens, ligamentos...

Sintomas comuns que você pode já ter notado:
  • Dor nas articulações e músculos

  • Perda de força e massa muscular

  • Redução da densidade óssea (com risco maior de fraturas)

  • Tendência a lesões em tendões e ligamentos

  • "Ombro congelado" (capsulite adesiva)

  • Dores que aparecem sem explicação clara nos exames

Esses sintomas — provocados pela queda do estrogênio, mais precisamente do estradiol — podem ser agravados por um fator importante: a inflamação aumentada no corpo. Vamos entender melhor.

O estradiol ajuda a manter o equilíbrio inflamatório. Ele estimula a produção de moléculas anti-inflamatórias, como a interleucina-10 (IL-10), e inibe outras que promovem inflamação, como IL-6, IL-1, IL-4 e TNF-alfa.

Com a redução desse hormônio, esse sistema de regulação se desorganiza. O corpo pode entrar em um estado de inflamação crônica de baixo grau, que contribui para dores articulares persistentes, perda muscular e outros sintomas clássicos da menopausa.

Mas calma: tem muito o que você pode fazer.

A boa notícia é que essa síndrome tem prevenção, tem tratamento e, principalmente, tem solução. E isso não significa “aceitar” as mudanças do corpo como parte inevitável do envelhecimento. Significa entender o que está acontecendo e agir com consciência e informação.

1. Triagem e diagnóstico: Comece olhando para os seus ossos

Se você tem 65 anos ou mais, ou está entre 50 e 64 e tem fatores de risco (como histórico familiar de osteoporose), vale conversar com seu médico sobre a densitometria óssea. Quanto antes você souber como estão seus ossos, melhor.

2. Mais que cálcio: nutrientes que ajudam a prevenir os sintomas da menopausa nos ossos e articulações

Um estudo mostrou que 1000 UI de vitamina D3 por 9 meses reduziu significativamente a perda óssea em mulheres entre 50 e 65 anos.
Já o magnésio, essencial para o metabolismo do cálcio, ajudou a aumentar os níveis de vitamina D em mulheres entre 44 e 76 anos.

E a vitamina K2? Uma meta-análise com mais de 6.800 mulheres mostrou que ela aumentou a densidade mineral óssea da coluna lombar e do antebraço — sem efeitos adversos importantes.

Agora que você conhece esses dados, fica mais fácil conversar com seu médico, né?

Na próxima consulta, pergunte sobre:

  • Triagem de osteoporose

  • Suplementos como vitamina D, magnésio e K2

  • E também sobre outros como cúrcuma, óleo de peixe, SAMe, glucosamina, condroitina e boswellia — que vêm sendo estudados por seus efeitos anti-inflamatórios e podem ajudar com dores articulares, musculares e outros desconfortos da menopausa.

3. Alimentação e inflamação: um olhar que seu médico não pode ignorar

Se o seu médico não mencionar a alimentação, fique atenta.
Com a queda do estrogênio, ficamos mais suscetíveis à inflamação. E aqui entra algo que você pode começar a fazer hoje mesmo: comer melhor.

Uma alimentação rica em:

  • Vegetais e frutas variadas

  • Proteínas de qualidade

  • Peixes gordurosos (como salmão e sardinha)

  • Gorduras saudáveis como o azeite de oliva extra virgem

…pode ajudar com todos os sintomas da menopausa — não só os físicos, mas também os emocionais.

4. Exercício: o tratamento sem contraindicação

O treino de força e resistência é um dos maiores aliados da mulher na menopausa. Ele ajuda a combater a perda muscular e óssea, melhora a mobilidade, reduz o risco de quedas e ainda faz bem para o humor.

E se você ainda não ouviu falar da creatina, vale a pena se informar: pesquisas recentes mostram que ela pode ser uma aliada da força muscular e da saúde óssea quando combinada ao treino.

5. THM: Terapia Hormonal da Menopausa

A Terapia Hormonal da Menopausa pode ser uma opção importante para algumas mulheres.
Ao usar estradiol (e progestágenos, se a mulher ainda tem útero), a THM pode:

  • Diminuir dores articulares

  • Preservar a massa óssea e muscular

E deve ser avaliada com seu médico, com base no seu histórico e sintomas — mas vale ser considerada com atenção.

E falando em sintomas...

Eu sei como é sentir isso na pele


Tive ombro congelado — o ombro ficou rígido, dolorido e quase sem mobilidade por um bom tempo. No meu caso, a queda do estrogênio foi um dos gatilhos — mas outros fatores podem contribuir, como: falta de fisioterapia após lesões, uso prolongado de tipóia, distúrbios do manguito rotador, imobilidade, distúrbios da tireoide ou até Parkinson aumentam o risco.

Se você estiver sentindo algo parecido, procure um médico ou um especialista em ombro.
Fale que está na perimenopausa ou menopausa — essa informação faz diferença! O tratamento geralmente envolve:

  • Controle da dor (com anti-inflamatórios, gelo ou injeções)

  • Fisioterapia para recuperar mobilidade

  • E claro, todo o resto que falamos aqui: alimentação, exercício, suplementação e, em alguns casos, THM.

Nesse link, a fonte científica e 5 exercícios úteis para capsulite adesiva — mas lembre-se: isso não substitui orientação médica, tá?

Para finalizar: você não está sozinha — e tem muita coisa que pode ser feita

A síndrome musculoesquelética da menopausa é real. E o melhor caminho é informação + atitude.

Você merece viver essa fase com qualidade de vida, mobilidade, energia e autonomia.
Seu corpo está mudando, sim, mas você pode escolher como atravessar essa transição. E não precisa ser sozinha.

Conta comigo nessa jornada?

Com amor,
Dri