Palpitações na Perimenopausa: Um Sintoma Pouco Falado, Mas Comum

Palpitações cardíacas, sensação de tremores no peito ou batimentos irregulares podem parecer alarmantes à primeira vista. E, de fato, muita gente se assusta. Mas você sabia que esses sintomas podem fazer parte da transição hormonal que acontece na perimenopausa e na menopausa?

Apesar de pouco discutidas, as palpitações são mais comuns do que se imagina. Segundo uma revisão recente, até 42% das mulheres na perimenopausa e 54% das mulheres na pós-menopausa relatam esse tipo de sintoma. É muita gente — e, mesmo assim, seguimos ouvindo pouco sobre isso.

Uma Experiência Pessoal

Há cerca de doze anos, aos 42, comecei a sentir uma série de sintomas que não entendia bem. De repente, crises de ansiedade, episódios de pânico e palpitações se tornaram frequentes. Batimentos irregulares e tremores no peito me faziam correr para a emergência, achando que estava tendo algo grave. Os médicos repetiam sempre a mesma coisa: "Você faz terapia? Está deprimida?" Receitavam algo para dormir, diziam que eu ficaria bem — mas ninguém falava sobre os hormônios.

Essa história fica para outro momento, mas compartilho porque sei que muitas mulheres passam pelo mesmo e se sentem perdidas.

A Menopausa Está Chegando Para Milhões de Mulheres

Até 2025, mais de 1,1 bilhão de mulheres em todo o mundo terão passado ou estarão passando pela menopausa. E, ainda que os sintomas mais conhecidos sejam as ondas de calor e os suores noturnos, as palpitações também merecem atenção.

Apesar de relativamente comuns, elas continuam subestimadas — tanto por profissionais da saúde quanto pelas próprias mulheres. Falta pesquisa, falta escuta e falta informação clara sobre o que fazer quando esses sintomas aparecem.

Nem Sempre é “Só Ansiedade”

Quando uma mulher chega ao consultório relatando palpitações, é comum que a resposta seja imediata: “Deve ser ansiedade.” Mas isso é uma simplificação perigosa — e muitas vezes equivocada.

Durante a perimenopausa, os níveis do hormônio estrogênio começam a oscilar bastante — sobem e descem de forma irregular. Essas variações afetam diretamente o sistema cardiovascular.

Por quê?

Porque as células do coração (miócitos) possuem receptores hormonais para estradiol e progesterona. Ou seja: o coração literalmente sente as flutuações hormonais.
Quando o estrogênio cai, o ritmo cardíaco pode se tornar mais instável, provocando sensações como tremores no peito, batimentos acelerados ou irregulares.

Essas palpitações são especialmente comuns durante episódios de ondas de calor, outro sintoma típico da perimenopausa. Nessas horas, a frequência cardíaca pode aumentar de 8 a 16 batimentos por minuto, de forma abrupta e perceptível. Mas as palpitações também podem acontecer fora desses momentos, simplesmente como resposta às oscilações hormonais.

Importante dizer: esse fenômeno não é exclusivo da perimenopausa. Palpitações também podem aparecer em outras fases da vida com variações hormonais, como durante o ciclo menstrual, a gravidez ou o pós-parto.

Além disso, outros fatores podem contribuir para esse sintoma, como:

• Sedentarismo

• Má qualidade do sono

• Sintomas vasomotores (como as próprias ondas de calor)

• Fatores emocionais e de qualidade de vida
  

Portanto, se você está sentindo palpitações, não aceite que seja apenas “ansiedade” sem uma investigação mais profunda.
Hormônios e coração estão conectados — e seu corpo merece ser levado a sério.

Quando Procurar Ajuda Médica

Se você sente palpitações, observe os sinais. Algumas situações exigem avaliação imediata:

• Palpitações frequentes ou que duram mais de alguns minutos

• Sintomas acompanhados de falta de ar, dor no peito, tontura ou desmaio

• Palpitações que pioram com o tempo
  

O ideal é procurar um cardiologista e um ginecologista. Os exames podem incluir eletrocardiograma, ecocardiograma, teste de estresse e monitoramento cardíaco (como o Holter). Também é importante avaliar seus níveis hormonais.

⚠️ Atenção! Qualquer alteração no seu ritmo ou frequência cardíaca deve ser avaliada por um profissional de saúde!

As causas mais comuns podem incluir:

• Deficiência de ferro

• Disfunções da tireoide (hipo ou hipertireoidismo)

• Desequilíbrios eletrolíticos

• Hipoglicemia

• Certos medicamentos

• Estimulantes (inclusive em medicamentos para resfriado)

• Excesso de cafeína

• Ansiedade

• Problemas nas válvulas do coração

• Doenças cardiovasculares
  

Estratégias Para Prevenção e Alívio

A boa notícia é que algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar — e muito.

Evite:

• Cafeína (café, chocolate, refrigerantes, bebidas energéticas)

• Alimentos picantes

• Álcool, nicotina e drogas recreativas

• Medicamentos para resfriado que contenham estimulantes
  
  

Adote:

• Prática regular de exercícios aeróbicos (como caminhada, ciclismo ou natação), por pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana

• Técnicas de relaxamento como yoga, meditação, respiração profunda e massagens

• Alimentação rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e laticínios com baixo teor de gordura

• Monitoramento da pressão arterial, níveis de açúcar e colesterol

• Manutenção de um peso saudável

• Abandono do cigarro, com apoio profissional, se necessário
  

Em casos mais graves:

Medicamentos como betabloqueadores ou bloqueadores dos canais de cálcio podem ser prescritos para controlar o ritmo cardíaco.
Algumas mulheres também percebem melhora com a terapia de reposição hormonal (TRH), mas os riscos e benefícios devem ser avaliados individualmente, especialmente em relação à saúde cardiovascular.

Conclusão: Precisamos Falar Mais Sobre Isso

Ainda sabemos pouco sobre as palpitações na perimenopausa. Surpresa… só que não.

Mesmo sendo um sintoma relatado por tantas mulheres, ele continua subvalorizado e mal compreendido. Precisamos de mais pesquisas, mais escuta e mais profissionais capacitados para reconhecer os sinais.

Se você está lendo isso e sente palpitações, tremores ou batimentos irregulares, procure um médico.
E não se esqueça de mencionar os hormônios como possível causa.
Seu corpo está mudando — e ele merece atenção, cuidado e respeito.

Cuidar da saúde do coração é cuidar da sua vitalidade, da sua energia e da sua liberdade de viver bem.
A combinação de uma alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares e estratégias para reduzir o estresse pode fazer toda a diferença na prevenção de doenças cardiovasculares e na manutenção da sua qualidade de vida ao longo dos anos.

Mas eu sei: pode ser desafiador saber por onde começar — e como adaptar tudo isso à sua rotina.

É por isso que eu desenvolvi programas específicos para te guiar nesse processo, com estratégias baseadas em ciência e na experiência de quem entende as transformações que a menopausa traz.

Com o suporte certo, você pode proteger seu coração, ter mais disposição no dia a dia e viver essa fase com leveza, confiança e autonomia.

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Com amor,
Dri