O que a menopausa tem a ver com o risco de Alzheimer?

O cérebro feminino passa por mudanças profundas nessa fase — e ignorar isso pode custar caro à saúde das mulheres.

4/21/20252 min read

Na edição especial deste mês sobre saúde da mulher, a revista Nature trouxe um dado que precisa ser amplamente divulgado:
quase dois terços das pessoas com Alzheimer são mulheres.

E por muito tempo, ninguém se perguntou o porquê disso.

A Dra. Lisa Mosconi, uma das maiores referências em neurociência feminina, foi destaque nessa edição e trouxe uma perspectiva que, pra mim, faz todo sentido:
não dá para entender, tratar ou prevenir o Alzheimer sem estudar o cérebro feminino.

Durante décadas, a biologia da mulher foi tratada como um fator de confusão nas pesquisas — quando, na verdade, ela pode ser justamente a chave.

Menopausa: também uma transição no cérebro


A Dra. Mosconi vem mostrando que a menopausa não é apenas uma mudança reprodutiva. Ela também representa uma transição neurológica.

Um dos principais marcos da menopausa é a queda drástica do estrogênio, hormônio que regula o metabolismo da glicose no cérebro. Com a redução desse hormônio, o cérebro feminino começa a usar a gordura como fonte de energia.

A maioria das mulheres consegue se adaptar a essa mudança metabólica com o tempo, e os sintomas — como o nevoeiro mental — costumam melhorar após alguns anos.
Mas nem todas se recuperam da mesma forma. Algumas continuam apresentando alterações cognitivas, e é aí que entra a hipótese de Mosconi:
será que essa fase representa uma janela de risco para o Alzheimer?

Um cérebro faminto por estrogênio


Para investigar essa relação, Mosconi e sua equipe desenvolveram um marcador fluorescente que se liga aos receptores de estrogênio no cérebro.
Os exames mostraram algo surpreendente:
mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa apresentam maior densidade desses receptores — como se o cérebro estivesse tentando captar o que restou do estrogênio.

Essa adaptação, porém, foi associada a sintomas como lapsos de memória e dificuldade de concentração.
Ou seja, o que tantas de vocês relatam — aquela sensação de “cérebro embaralhado”, esquecimentos e falta de foco — pode ter base neurológica.

O cérebro pode estar faminto por estrogênio.
E essa carência, para algumas mulheres, pode ter consequências reais.

O que isso muda?


Tudo. Porque nos ajuda a entender que esses sintomas não são “coisa da sua cabeça”. Eles têm explicação.

Como disse a própria Dra. Mosconi:
“Devemos às mulheres um século de pesquisa.”

E eu acrescento: o futuro da prevenção do Alzheimer começa ouvindo as mulheres — e respeitando sua biologia.

E mais: entender isso pode abrir caminho para novas estratégias de cuidado e prevenção — várias das quais eu compartilho nos meus programas, com foco em apoiar você nessa fase com mais informação, clareza e suporte.

Que isso te ajude a olhar com mais compaixão e consciência para o que está acontecendo aí dentro.

Com amor,
Dri